sábado, 14 de novembro de 2009

DEMÓSTENES E A SOMBRA DO BURRO


Defendia Demóstenes no Areópago de Atenas a causa de um pobre homem condenado á morte, e, vendo que os juizes não o atendiam, interrompeu o seu discurso com estas palavras: “Senhores, agora vou-vos contar a Vós. Um feito muito interessante”.

E começou a narrar como um homem alugou um burro para ir a Atenas. Puseram-se os dois a caminho de madrugada, mas pouco depois começou o sol a aquecer, de modo a que se queimavam. O bom homem apeou-se, e quiz-se pôr ao lado do burro para aproveitar a sua sombra. Mas o amo do burro, que se tinha adiantado, se opôs dizendo: “A sombra do burro pertence-me a mim; eu só te aluguei o burro, não a sua sombra”.

Cada um defendia que lhe pertencia a sombra com tal afinco, que das palavras passaram aos actos, pegando-se e ferindo-se. O assunto foi levado aos tribunais.

Quando Demóstenes chegou a este ponto, pegou no chapéu e fez o gesto de se ir embora, mas os Juizes que o estavam a olhar atentamente, lhe pediram que termina-se e disse-se a resolução dos tribunais.

Demóstenes, com tom de indignação, exclamou: “Ah, Senhores Juizes, não vos dá vergonha? Há pouco tempo tratava sobre a vida ou a morte de um homem, e dormitáveis; agora falo-vos sobre a sombra de um burro, e me escutais com a boca aberta”.

A quantos homens falais de temas importantes para a sua vida, a sua salvação eterna, a religião, o seu temperamento, e não fazem caso algum! Mas uma noticia de futebol, uma diversao oculta... lhes cativa enormemente a sua atenção.

Retirado de: http://catolicidad-catolicidad.blogspot.com/
Tradução livre: Manuel Figueiredo

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